Estação de Trem Eugênio Lefèvre
- Fernanda Paula
- 2 de set. de 2021
- 4 min de leitura
Atualizado: 3 de jul. de 2024

Um Lugar Esquecido
Quantos lugares perdidos e interessantes existem por aí e nem nos damos conta. Às vezes, erramos o foco visitando os mesmos pontos turísticos, os mais comentados, os mais "isso" e "aquilo", os "top 10 pra sua selfie", etc.
Sempre que posso, fujo desse roteiro empacotado com fita dourada, prometendo arrependimento zero! Por quê? Bom... posso fazer uma lista com os "top 10 motivos", rs... Mas, não!... Tudo é bem mais simples do que parece.
A razão pela qual eu não sigo roteiros pré-determinados é que isso limita muito minha experiência como viajante. A sensação de chegar em um lugar desconhecido e sentir o ambiente com um olhar incontaminado, não tem preço!
Gosto da sensação da descoberta; do passeio sem pressa; sem metas a serem ticadas em uma lista. Uma imersão genuína e contemplativa do todo, sempre me pareceu mais interessante. Enfim... velhos hábitos de uma flâneur!...
Foi isso que aconteceu quando saí de Campos do Jordão e resolvi passar por Santo Antonio do Pinhal, antes de voltar para casa. Furei o roteiro e ganhei um presente!
A estrada rural que percorri antes de chegar ao centro - a Estrada Municipal das Cerejeiras - já valeu o passeio.
As árvores, as cercas dos sítios e chácaras ruídas, as lojinhas de artesanato, os orquidários, e até mesmo a rodovia sinuosa, combinavam muito bem com a imensidão verde da Serra da Mantiqueira. Foram quarenta minutos deleitando cenários simples, mas, ao mesmo tempo, belos.
Chegando a Santo Antonio do Pinhal (interior de SP), passei rapidamente pela Igreja São Benedito e por algumas lojas ali perto. Mas, tendo decidido visitar algum lugar diferente antes de voltar para casa, segui as placas turísticas da Av. Antônio Joaquim de Oliveira para ver até onde iria me levar.
Percebendo que me afastava definitivamente da cidade, e já praticamente dirigindo na rodovia, eis que surge à minha esquerda, na rotatória, a Estação de Trem Eugênio Lefèvre.
Chegando à Estação
Confesso que estava um pouco cansada e por um instante quase desisti de virar naquela direção! Contudo, porém, todavia...àquela lembrança dos passeios de trem que eu fazia na minha infância, aliada a fome e a curiosidade, me fizeram mudar de ideia.
Depois de cruzar os trilhos, estacionar e descer do carro, senti na hora, àquele ar nostálgico e rústico que tanto me agrada.
O local é muito tranquilo, com a sede da Estação (hoje, uma lanchonete) e algumas construções ao redor, com um aspecto de aparente abandono ou mesmo de esquecimento pelo tempo.
Os longos trilhos do trem... Um latido distante...depois um cacarejo... Todo esse ambiente bucólico, característico de cidadezinha pequena, proporcionava uma sensação gostosa de volta ao passado.
Resolvi ficar ali alguns minutos, absorvendo todo o contraste das casas coloniais com as montanhas verdes; o céu azul e os ipês amarelos; o canto dos pássaros e o raro - e não menos importante - silêncio!... (Não o tempo todo, claro! rs...)
De lá, também foi possível acessar o mirante Nossa Sra. Auxiliadora com vista voltada para o Vale do Paraíba, que - apesar do ruído da rodovia - valeu a pena conhecer.
Um passeio à tarde de uma hora foi o suficiente para apreciar todos os detalhes desse encantador lugar esquecido.
Breve Histórico da Estação
A Estação fica há 1162m de altitude, no limite da cidade de Santo Antonio do Pinhal, interior do Estado de São Paulo. Este trecho faz parte da Estrada de Ferro Campos do Jordão-SP, que - até o dia da minha visita (setembro/2021) - estava fechada para obras, sem circulação de trens turísticos.
A ferrovia foi aberta a partir da estação ferroviária de Pindamonhangaba, na E. F. Central do Brasil, pelos médicos sanitaristas Emílio Ribas e Victor Godinho em 1914, tendo como objetivo, transportar os doentes com problemas respiratórios para o hospital da então "Vila de Campos do Jordão" - considerado um lugar terapêutico pelos médicos do período.
Foi inaugurada em 1916 - e embora faça parte da estância climática de Santo Antonio do Pinhal - nunca teve oficialmente o nome da cidade.
Seu nome - Eugênio Lefèvre - homenageia o engenheiro ferroviário que, juntamente com Euclides da Cunha, projetou a ferrovia - nunca construída - que ligaria Mogi das Cruzes ao porto de São Sebastião.
Nos anos 1980, passou a ser uma ferrovia apenas turística e, a partir de 2019, foi fechada após a suspensão temporária dos trens cujos trajetos atravessam a Serra da Mantiqueira - devido a um acidente ocorrido em 2012.
Correções na via estão sendo realizados a fim de reabrir o trecho para tráfego, porém, sem previsão de conclusão.
📝 + Informações e Curiosidades sobre a Estação:
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*Nota: Este post é um editorial.
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